quinta-feira, 22 de outubro de 2009

MOMENTO POESIA


CANÇÃO (Cecília Meirelles)


Pus o meu sonho num navio

e o navio em cima do mar;

- depois, abri o mar com as mãos,

para o meu sonho naufragar.


Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,

e a cor que escorre de meus dedos

colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,

a noite se curva de frio;

debaixo da água vai morrendo

meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,

para fazer com o que o mar cresça,

eo meu navio chegue ao fundo

e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito,

praias lisas, águas ordenadas,

meus olhos secos como pedras

e as minha duas mãos quebradas.

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